sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Já que não consigo falar para ti nem para ninguém, escrevo-te. Escrevo-te hoje e com as poucas forças que me restam. Só tenho a dizer-te que não estou nada bem, e quando digo 'nada' é nada, sabes perfeitamente bem que nisto nunca exagero. Estou cansada de aumentar a medicação e de nada valer, de passar noites em claro e em branco, estou cansada de tudo, estou cansada do mundo. Estou cansada de me ver ao espelho e me achar 'negra' e 'escura'. Estou cansada de não conseguir nem querer comer, estou cansada de comer e vomitar, e diminuir ainda menos a minha auto-estima com narcóticos, estou cansada de não ter a mulher da minha vida ao meu lado e não saber se volta. Estou cansada de que nada corra bem, nada me sorria. Estou cansada de todos os 'vais ficar boa', 'és a mais linda', 'és forte', 'derrubas o mundo'? Vou ficar? Sou? Derrubo? Nota-se! Nota-se que o sou, nota-se que o estou a ser. Não quero, nem preciso de ninguém, a não ser de ti. Preciso de ti, a toda a hora, todos os dias. Já não consigo mais ver aquela cama onde permaneço umas treze ou catorze horas por dia agarrada a narcóticos e uma televisão que nem consigo ver porque adormeço logo de seguida! Estou cansada do mundo e farta de mim, novamente. Cada vez que tento andar, ou caio ou não me seguro em pé, estou a dar cabo de mim aos poucos... Eu, eu que gostava tanto de mim, que era tão superior a tudo e todos, que dava conselhos a todo o mundo para se manter firme e levantar a cabeça, porque é isso que um herói faz, nunca se deixa cair. E eu já caí, estou afundada neste momento, sem luz, com tudo e sem nada. Desculpa se não to digo na cara, mas sabes que mal chego a casa só tenho dois minutos: vestir o pijama, enfrascar-me em comprimidos, ir à cozinha e beber água. Só mais uma coisa: também não estou bem na rua, não estou bem em lugar nenhum, por vezes lá ainda estou pior, ainda me 'baixo' e 'afundo' mais. É só para que saibas, só mesmo. Um beijo, Inês.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Com saudades!


Minha princesa,

Tenho tanto para te dizer, tanto para te contar. Para além de minha mãe, sempre foste minha confidente. Sempre te confidenciei cada segredo que tinha, pormenor a pormenor.

Querida mãe, tenho a minha cabeça a detonar de tanto te querer dizer e nada poder fazer. Sinto uma pré-explosão por dentro que só tu poderás parar. Sinto medo de tudo, sinto medo do mundo, sinto uma mágoa insuperável…

Apenas tu me fazes falta, apenas tu me fazes ter saudades. Apenas tu me ensinaste a nunca desistir, nunca deixar nada por fazer, a nunca deixar portas por fechar, muito menos a ter janelas por abrir. Apenas tu me oferecias força sem cobrar, e coragem para dar e vender. Eras a única que me dizia que era mais forte que tudo e todos, e neste momento sem ti pergunto-me e questiono-me diariamente onde pára essa minha força.

Essa força desapareceu. Já nada me consola, muito menos me desenfastia.

Sinto-me frágil, e fragilizam-me ainda mais as nossas músicas, as nossas fotografias, os nossos jogos e os nossos vídeos.

Crescem-me e atravessam-me pela frente relâmpagos teus que não consigo suportar mais, a tua cara ilumina sempre as minhas noites e manhãs e já nem o sono a apazigua. O teu sorriso, sim, o teu belo sorriso atravessa-me à frente a toda a hora. Pena que desapareça instantaneamente e me voltem tormentos e sobressaltos à cabeça.

Sinto a tua falta, sinto saudades de olhar para ti, fechar os olhos e sentir que te sei de cor. Que sei de cor cada sinal teu, cada ruga tua, cada expressão tua. Sinto falta dos teus olhos abertos a chorarem de alegria por me verem chegar, e a chorarem de tristeza quando me ia embora, mas a consciencializarem-se de que me verão horas mais tarde.

Amo-te, e acima de tudo admiro-te.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Somos tão uma da outra.

São poucas as horas que durmo por noite, são poucos os momentos que resultem em abstracção, são poucas as vezes que os meus olhos não brilhem de lágrimas, são inexistentes as horas em que não choro por dentro.

Apesar de não me cansar de acreditar em ti, sinto que não estás bem, pressinto que não estás nem a 10 %. Pressinto ainda pior, que não és a mesma pessoa nem nunca serás mais. E isso custa-me, custa-me mais que qualquer outra coisa na vida. Custa-me não te ter em presença, apenas em lembrança. E então lembro-me e relembro-me. É impossível apagar da minha memória o teu sorriso, os teus olhos a brilharem, o teu doce conforto. É impossível algum dia conseguir deixar de imaginar as tuas mãos entrelaçadas nas minhas e o quanto o meu coração se sentia satisfeito com isso; os teus sábios conselhos e quantas vezes eu os quis negar (que nunca cheguei a negar, porque apesar de me fazer de difícil és a única que me conheces de cor); as tuas únicas premonições, que sempre davam certo.

É por isso que te trago comigo! Trago sempre comigo o teu sorriso, o teu grande sorriso que me está no coração, e em segredo abraço-me a ele à noite, em silêncio e só lhe peço que me guardes. Que me guardes para sempre. Peço-lhe que não me abandones nem me deixes mais enclausurada em memórias, peço-lhe que da próxima vez que te vir que não seja de olhos fechados e em silêncio. Peço-lhe para que não me deixes mais sozinha, a sofrer em silêncio. Peço-lhe para que voltes, feches os olhos e me abraces, me digas repetidamente e vezes sem conta que sou a única coisa que tens, como sempre me disseste e no fim sorrias e me abraces de novo, me dês todo o teu amor, como sempre guardaste só para mim. Quero que vivamos sempre como vivemos, em amor, porque é disso que somos feitas, e quero que continues comigo, porque somos tão uma da outra.

Sempre foi o nosso dia...

É o nosso dia, é o dia do amor. É o dia do valor! Hoje dou valor, dou-te todo o valor que nunca imaginei dar-te. Dou-te todo o valor que tu tens. Tenho saudades tuas, muitas saudades tuas! Aliás, sinto-me a morrer de saudades tuas porque estás longe, porque não te tenho como sempre tive. Nunca me imaginei sem ti, toda a gente sabe disso. Sempre te tive colada a mim, sempre te quis ter assim e agora que não te tenho sinto-me diferente e oca, incompleta e vazia. Luta! Por favor luta por mim, eu estou aqui sempre a torcer por ti, para que tudo corra bem. Luta para que das minhas lágrimas volte o sorriso, e para que tudo volte a fazer sentido. Para que não sejamos só dois cá em casa e para que não sejam apenas 12 pessoas a comer em casa da avó. Luta por mim, e por tudo o que somos juntas. Porque juntas temos uma força capaz de mover montanhas. "Só te quero bem, o resto é-me secundário"

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Escuta o teu coração.